segunda-feira, 22 de maio de 2017

Breve história da fundição do estanho



O estanho, um dos mais antigos metais conhecidos, é utilizado pelo homem há cerca de 5.000 anos. Os egípcios utilizavam o estanho, que misturavam ao cobre para obter o bronze, como nos demonstraram achados do tempo das pirâmides. Na Índia, na China e no vale do Eufrates utilizavam-se objetos de bronze cerca de 2.500 anos antes de Cristo.
Quando de descobriram na Europa minas de estanho, deixando de ser necessário trazê-lo da Índia, esse metal brilhante como prata passou a ser utilizado na confecção de toda a espécie de utensílios e de pequenos vasos para uso doméstico. No tempo das cruzadas (século XI a XIII) começaram a trazer ao peito pequenas imagens feitas numa liga de estanho, fundidas em moldes de madeira, barro ou areia. Em vez de frágil louça de barro que até aí fora utilizada para uso doméstico, as pessoas começaram pouco a pouco a usar pratos de estanho, caros mas resistentes, tendo sido nos conventos onde mais cedo se começou a utilizar com regularidade louça e objetos vário de estanho.
Os camponeses, que trabalhavam o estanho nas oficinas dos conventos, começaram a querer também em suas casas e quintas, utensílios em estanho, encomendando-os ao fundidor o que deu origem à divulgação desse ofício; o estanho provinha de novas minas em exploração na Europa central. Na Idade Média, a idade do ouro da arte da fundição de objetos em estanho, os artesões que trabalhavam o estanho eram conhecidos no sul da Alemanha pelo nome de “Kandler” ou “Kandelgiesser”, e na Alemanha do norte pelos de “Kannenmarker” ou “Tingheter”. O termo “ Zinnglesser” (“fundidor do estanho”) só começou a ser usado de século XVIII em diante. A arte de fundição do estanho atingiu elevado  grau de perfeição, como nos demonstram os exemplares de terrinas, canecas, pratos e jarros de estanho que podemos ver em muitos museus. A variedade de motivos que ornam a superfície de algumas dessas peças (de modo particular as da época barroca) é notável.
Por volta de 1500 começou a pôr-se o problema da liga de estanho a utilizar e da masneira de marcar as peças, problema que levou cerca de um século a resolver. A utilização de uma liga de estanho e chumbo facilitava o trabalho; além, disso o chumbo era consideravelmente mais barato do que o estanho, o que levava por vezes a aumentar a quantidade de chumbo da liga. Essa  falsificação prejudicava porém a bolsa e a saúde do comprador (envenenamento por chumbo), pelo que muitos artesãos resolveram passar a identificar as suas obras, apondo-lhe a sua marca.  De início marcavam-se as obras com o sinete da casa. Mais tarde começaram a utilizar-se as marcas que testemunhavam da qualidade do estanho e do local de proveniência da peça marcada, (marca da cidade) o que permite a todos os artesãos do estanho garantirem  assim a autenticidade das suas mercadorias.
Essa marcação das peças mantém-se ainda hoje em dia, continuando a elucidar-nos quanto a qualidade e ao local de proveniência dos objetos em estanho. A industrialização levou à produção em série dos objetos de uso doméstico, a proibição de todo o trabalho dos metais que vigorou durante a guerra e a crise do trabalho do após-guerra prejudicaram muito o trabalho da fundição manual do estanho. Hoje em dia verifica-se, porém, um interesse renovado pelos objetos em estanho, que dão conforto e calor aos interiores modernos. Inventaram-se ainda novas formas para esses objetos de estanho, formas que correspondem melhor ao gosto da nova geração.